VIRTUREALIDADE – O SONHO

Por Diogo Damasceno Pires*

Era madrugada quando ensaiei abrir os olhos, ainda lacrimejando e ardendo, por acordar fora de hora. E lá estava eu no alto do morro, entre nuvens, que mais pareciam feitas de algodão doce, que embora longe de amanhecer, estavam claras e macias, fofinhas, aconchegantes e levemente resfriadas.

Ao levantar, percebo que estou com pés descalços, na terra escura e gélida, com poucos arbustos levemente úmidos pelo orvalho. Passo a passo, caminho em direção ao ponto de melhor localização, onde a vista vai mais longe e pode avistar o infinito, ou pelo menos quase isto, já que a vista é deslumbrante e a perder de vista.

Lá do alto é possível ver o encontro da urbanidade com a mata - de um lado, o breu, o brilho das estrelas banhando a floresta em sono profundo, do outro a explosão de luzes da cidade em sono leve - visão paradoxalmente bela em suas duas vertentes. Natureza pura e natureza transformada... tudo tão próximo e prontas para se colidir, se misturar, mudar a paisagem.

Não é claro o objetivo de estar ali, naquele momento, naquele lugar. Mas é claro o sentimento de transformação, que vem de dentro, palpitando o coração... galgando emoções, (re)construindo imagens, pensamentos.

Somos a terra, o fogo e o ar, deleite das águas, união profunda com o cosmo, elo e parte do Universo, filhos de Gaia, sementes de ser e de sentir. Pois a conexão é latente, basta nos encontrarmos, ouvirmos o som que bate como tambor nos nossos corações.

Como é bom descobrir o sonho, ver e viver a virturealidade de nossa vida, que se encontra, confunde, mistura e alimenta a alma em meio a fragmentos de história e a complexidade de existirmos na grande Teia da Vida.

Por amor ao mundo, por respeito a todas as formas de vida, continuo a sonhar, desejoso de estar no caminho certo, mas sem a pretensão de achar que estou só... pois a responsabilidade de viver neste mundo é minha, sua e de tod@s nós, já que somos parte do todo.

A visão, portanto é combustível para o “despertar”, alento para o sentimento de transformação e motivo para acreditarmos que as coisas ainda têm jeito; salvar o planeta ainda é possível. Somando forças, vivenciando cada segundo a experiência de respirar profundamente e sentir a vida.

*Escrito em 21 de março de 2008