segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Alternativas de dentro pra fora…

 

Era noite, quando o vento bateu a porta e num baque surdo a fechou de repente… um ar nauseabundo e pesado pairava no ambiente e era possível ouvir o assobio dos sopros de vento, meio baforados e rarefeitos que se acumulavam do lado de fora.

A casa era a mesma de sempre, na rua de paredes amareladas e bolor por onde quer que seguisse… avistando de longe a cidade que a acolhia. O portão era negro, para combinar com o ambiente, que também era breu entre sombras e sem esperança.

Dentro da casa, uma cadeira, uma mesa e uma vela, os óculos de leitura, o livro de cabeceira e só. Lá vivia um homem… embora o mesmo não parecesse real; mas lá estava o mesmo a contemplar a noite e a ler seu futuro, que em nada era promissor, disto ele sabia…

Sabia ele, que o mundo já se fora, que o sol já não existia, que vida era só rascunho… nada mais do que a ilusão, do cenário montado, das emoções em pílulas, dos sentimentos em combustão.

Lá fora, tudo isto e o tempo. Tudo passageiro, tudo apenas sopro… mas de dentro quem sabe, viva o homem a sonhar, para além das sombras e do vento, eis que o presente também pode ter seu lugar! Pois sempre é possível pensar/imaginar… sabendo, portanto, que ainda é possível criar…

Por Diogo Damasceno Pires, em 21 de fevereiro de 2012.

Um comentário:

A. T. disse...

Vc tem uma capacidade de descrição bastante ardente.

Ensaiar, imaginar, criar sempre foi seu forte.